Trabalho desenvolvido pelos estudantes Francisco José Mesquita e José
Jalissom será apresentado na Internacional Sustainable World Project Olympiad,
feira que acontecerá em maio de 2016, em Houston, nos Estados Unidos (EUA).
Diego Carvalho – Da Redação
A
criatividade a serviço da ciência. É assim que podemos definir o trabalho
desenvolvido pelos estudantes Francisco José Mesquita, 19, e José Jalissom, 19,
que cursam o 3º ano do ensino médio, na Escola Estadual Governador Walfredo
Gurgel, em Antônio Martins. Os dois são responsáveis pela criação de
minitransmissor de rádio móvel com sucatas eletrônicas, projeto que
representará a cidade e todo o Rio Grande do Norte na Internacional Sustainable
World Project Olympiad, feira que acontecerá em maio de 2016, em Houston, nos
Estados Unidos (EUA).
A
participação nessa feira de renome internacional foi assegurada durante
participação na 13ª Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE 2015),
realizada no período de 17 a 19 de março deste ano, na Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (USP). Na oportunidade, eles também receberam medalha
de ouro na categoria Ciências Sociais Aplicadas, subcategoria Comunicação. Os
estudantes foram contemplados ainda com a possibilidade de publicar o projeto
na InCiência Revista.
O
projeto dos estudantes consiste em viabilizar o funcionamento de uma rádio
dentro daquela escola estadual. A iniciativa surgiu em meio à dificuldade.
“Nossa escola transmitia informações por meio de um sistema de alto-falante,
mas teve os equipamentos furtados. Diante desse acontecimento, começamos a
pensar em uma forma que permitisse a retomada da comunicação interna por meio
de um sistema de rádio”, disse Francisco.
Hoje,
qualquer aparelho celular na unidade de ensino tem a possibilidade de receber o
sinal da rádio, o que facilita a transmissão de informes direcionados aos
alunos e profissionais da Educação, e o esclarecimento de dúvidas dos
estudantes, fortalecendo a comunicação na instituição. “O projeto proporciona
interatividade entre os alunos e a divulgação de informações importantes para a
escola”, declarou a orientadora da iniciativa, a professora de matemática,
Humbertina da Silva.
As
inúmeras conquistas são frutos de muita dedicação. No dia 20 de julho do ano
passado, o projeto começou a ganhar forma. Contudo, a matéria-prima foi
retirada de um lugar inusitado. Trata-se do lixão situado em Antônio Martins.
“Utilizamos
placas de aparelhos de TV encontrados no lixão para produzirmos o
minitransmissor. O Francisco já realizava consertos em aparelhos celulares e
aproveitamos essa aptidão para montar o minitransmissor. Mas, tivemos também
que estudar sobre frequências para, então, podermos colocar a rádio no ar”,
disse Jalissom.
A
criatividade realmente permeia a ideia, que foi concluída em outubro de 2014.
Os microfones da rádio são confeccionados com a utilização de canos de PVC,
espumas de colchões e componentes eletrônicos também extraídos de televisores.
A estrutura da antena, por sua vez, é composta por palitos de picolés. A
iniciativa conquista ainda mais importância, uma vez que está alicerçada no
conceito de sustentabilidade – reaproveitamento de materiais.
Os
outros alunos da escola aprovam o projeto, segundo pesquisa realizada pelos
idealizadores do projeto. De acordo com o levantamento, 90% dos alunos
consideram que a iniciativa proporciona benefícios para a unidade de ensino.
Outros dados trazem uma avaliação mais específica: 60% afirmam que o projeto é
benéfico porque facilita a propagação de informações gerais; 16% dizem que a rádio
ajuda na aprendizagem; 20% enfatizam a descontração como ponto positivo; e 4%
aprovam a ideia, uma vez que permite abordar temas sociais em âmbito escolar.
TRAJETÓRIA
O
estímulo à criatividade decorre das atividades do programa Mais Educação e a
trajetória para o reconhecimento do trabalho foi composta por várias etapas. Os
estudantes participaram de uma feira de ciências local, da feira promovida pela
12ª Diretoria Regional de Ensino (12ª DIRED), da 4ª Feira do Semiárido
Potiguar, realizada na Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), e da
feira nacional ocorrida na USP. “O interessante é que os meus alunos não
tiveram o reconhecimento pretendido na feira da Ufersa. Essa conquista só se
tornou real no evento da USP”, disse a orientadora Humbertina.
Mas
a 4ª Feira do Semiárido Potiguar na Ufersa também proporcionou um resultado
positivo. A partir da participação no evento, os dois estudantes começaram a
receber uma bolsa no valor de R$ 100,00 do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq). Contudo, esse auxílio não é suficiente para
assegurar o custeio de todas as despesas em Houston, nos Estados Unidos.
Segundo a professora e os estudantes, o credenciamento para a feira
internacional disponibiliza apenas alguns serviços: hospedagem, algumas
refeições e traslado para o evento e passeios. Ou seja, há necessidade de uma
contrapartida do Estado.
“Para
nos deslocarmos para a feira realizada na USP, em São Paulo, tivemos uma ajuda
do Governo do Estado. Agora, também aguardamos esse apoio”, disse Humbertina. A
professora aproveitou para salientar que a Escola Estadual Governador Walfredo
Gurgel se engaja em vários projetos, mas se depara com muitas deficiências.
“Realizamos vários trabalhos, mas falta estrutura para a escola”, destacou.
EXPECTATIVA
A
expectativa de Francisco Mesquita é imensa. “Vou fazer de tudo para representar
nossa escola, nosso Estado”, frisou. E o sentimento de Jalissom não é
diferente. “A expectativa é grande. Antônio Martins é uma cidade de apenas sete
mil habitantes e, agora, teremos a oportunidades de expor nosso trabalho na
maior feira de ciências do mundo. Até lá, nosso desafio é aperfeiçoar o
inglês”, declarou.
Fonte: Jornal Gazeta do oeste
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